Mamografia é um exame de imagem da composição das mamas que permite a detecção precoce do câncer de mama, por vezes mesmo quando ainda não palpável. É realizada com aparelho de alta resolução, que permite, dentre outros, a identificação de imagens tumorais e microcalcificações.

O exame de imagem permite detectar lesões menores que 1 cm e na fase assintomática da doença, prevenindo assim metástases (disseminação da doença).

No Brasil existe uma padronização dos laudos mamográficos, adotado como consenso o modelo ACR BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System). Tal modelo é utilizado pelo Colégio Americano de Radiologia e visa principalmente uma orientação ao médico assistente quanto à conduta a ser tomada de acordo aos achados mamográficos — negativos, benignos, provavelmente benignos, suspeitos e altamente suspeitos.

Quando deve ser realizada

como é feita a mamografia

A mamografia é recomendada a cada 2 anos para todas as mulheres entre 50 e 69 anos, sem histórico de câncer de mama na família. Caso haja histórico familiar, o exame deve ser realizado anualmente após os 35 anos, seguindo a orientação de um médico.

Seguindo essa premissa, existem dois tipos de exames de mamografia para a detecção precoce do câncer de mama: a mamografia de rastreio, para casos assintomáticos, e a mamografia diagnóstica, para pessoas já com uma suspeição inicial para a doença.

Mamografia de rastreio é um exame que detecta o câncer de mama em pacientes assintomáticos (quando não há nenhuma suspeita para a doença). É realizada a partir de determinadas faixas etárias conforme o histórico familiar e de doença pregressa dos pacientes. Geralmente, é repetida em determinados intervalos de tempo, também a depender das características em que se enquadram os tipos de pacientes. Outra característica importante é que, idealmente, sempre são feitas comparações com os exames anteriores, para que assim se acompanhe a evolução dos casos.

Mamografia diagnóstica é um exame utilizado para avaliar alterações presentes na mama em casos com algum grau de suspeita ou alteração mamária, seja para lesões benignas ou malignas.

 

Entendendo os resultados

resultados de mamografia

Os resultados da mamografia são resumidos através de um sistema de classificação chamado ACR BI-RADS®. Essa classificação varia de 0 a 6 e foi adotado para ajudar na conduta médica ao estimar “qual a chance” de uma imagem da mamografia ser câncer.

Ela não estima o grau de crescimento ou o tipo do tumor. Contudo, é com base nesse relatório que o médico decide se há ou não necessidade de se dar seguimento ao caso.

A identificação e a avaliação das microcalcificações também é muito importante. Isso porque, baseado em suas características, é feita a distinção entre lesões que são mais ou menos suspeitas para lesões neoplásicas malignas ou benignas.

Além disso, para facilitar a descrição da localização das lesões encontradas em imagens radiológicas nos laudos médicos as mamas são divididas em esquerda e direita, e subdivididas em quadrantes superiores e quadrantes inferiores. Ou, no sistema de relógio.

 

Anatomia da mama

anatomia das mamas

(A) Mamilo  •  (B) Gordura pré-glandular  •  (C) Parênquima fibroglandular

(D) Gordura retro-glandular  •  (E) Músculo peitoral maior  •  (F) Músculo peitoral menor

 

Microcalcificações, nódulos e tumores

  • Microcalcificações são pequenos cristais de cálcio que se formam em várias partes do corpo, inclusive nas mamas. Eles não são passíveis de identificação no autoexame e a maioria das mulheres vivem com eles sem dores ou desconfortos.
  • Nódulos são caracterizados pelo crescimento anormal de um determinado tecido ou órgão do corpo. Os nódulos mamários geralmente são causados ​​por fatores hormonais e a maioria é benigna, mas muitas vezes são dolorosas e desconfortáveis ​​para as mulheres. Não existem estudos que compravam que um nódulo benigno tornou-se maligno, ou seja, a chance disso acontecer é praticamente nula.
  • Tumores são caracterizados pelo crescimento anormal das células em qualquer tecido do corpo. As células têm um ciclo natural de existência, elas nascem, exercem suas funções no corpo e são substituídas por novas células pelo nosso organismo. Entretanto, esse sistema de produção e substituição pode ser corrompido por diversos motivos, onde surgem os tumores que também são classificados em benignos ou malignos.
    • Tumores benignos são constituídos por células tumorais que não infiltram tecidos adjacentes, ou seja, não possuem a capacidade de provocar metástases.
    • Tumores malignos são aqueles que tem a capacidade de infiltrar tecidos adjacentes e gerar metástases.

 

Classificação Bi-rads

  • Bi-rads 0: achados mamográficos inconclusivos. Necessária avaliação adicional. Portanto, a conduta é complementar com outros exames (ex.: mamografia com compressão direcionada, ultrassom ou ressonância da mama).
  • Bi-rads 1: achados mamográficos negativos. Exame normal. Presença de simetria, ausência de massas, distorção arquitetural ou calcificações suspeitas.
  • Bi-rads 2: achados mamográficos benignos. Calcificações vasculares, calcificações cutâneas, calcificações com centro lucente, fibroadenoma calcificado, cisto oleoso (esteatonecrose), calcificações de doença secretória (“plasma cell mastitis”), calcificações redondas (acima de 1 mm), calcificações tipo “milk of calcium”, fios de sutura calcificados, linfonodo intramamário.
  • Bi-rads 3: achados mamográficos provavelmente benignos. Nódulo de densidade baixa, contorno regular, limites definidos e dimensões não muito grandes, calcificações monomórficas e isodensas sem configurar grupamento com características de malignidade. Sugestão de follow-up em curto espaço de tempo.
  • Bi-rads 4: achados mamográficos suspeitos. Este ainda pode ser subdivido em três subclassificações (A, B e C), sendo a última devendo ser considerada a biópsia.
  • Bi-rads 5: altamente suspeito para malignidade. Conduta médica deve ser tomada imediatamente.
  • Bi-rads 6: câncer comprovado por biópsia.

 

Quadrantes mamários

quadrante mamário

QSL = Quadrante Superior Lateral ou QSE (Quadrante Superior Externo)
QIL = Quadrante Inferior Lateral ou QIE (Quadrante Inferior Externo)
QSM = Quadrante Superior Medial ou QSI (Quadrante Superior Interno)
QIM = Quadrante Inferior Medial ou QII (Quadrante Inferior Interno)

 

Quadrantes mamários no sistema de relógio

quadrante mamario sistema de relogio

 

Como funciona o exame

Normalmente, um exame de mamografia leva cerca de 15 a 30 minutos. A compressão da mama é um requisito básico que deve ser bem aplicado para garantir a qualidade da imagem da mamografia e dura apenas alguns segundos em cada seio. A compressão reduz a espessura da mama espalhando o tecido mamário e melhorando o contraste, permitindo uma melhor avaliação de eventuais lesões.

O paciente é orientado sobre a importância dessa ações, mas sem desconsiderar o seu limite. Além disso, orientações simples para realização do exame também devem ser passadas com antecedência. Por exemplo, manter seios e axilas limpos e sem uso de desodorantes – eles podem aparecer nas imagens se assemelhando a “manchas de cálcio”.

Cada aquisição de imagem pode demandar um tipo de posicionamento da mama no aparelho, seja no exame de rotina ou em casos especiais.

Por exemplo, pacientes com implantes mamários não podem ter a mama simplesmente colocada entre o compressor e a bandeja, visto que há influência do silicone na visualização do tecido. Portanto, é utilizada uma técnica chamada de Manobra de Eklund, que desloca a prótese para fora do campo da imagem e distribui somente o tecido mamário na bandeja para ser radiografado.

 

Mamografia convencional e mamografia digital

como é o exame de mamografia

Existem dois tipos de mamografia: a convencional e a digital. Nas duas formas ocorre a compressão das mamas por meio de placas de metal, a diferença fica na formação das imagens.

A mamografia convencional é o método mais antigo e, basicamente, consiste em expor as mamas da paciente a um aparelho de raio X. Feito isso, gera-se uma espécie de filme que, logo em seguida, é submetido a um processo que revela as estruturas internas das mamas, com uma alta resolução espacial, porém com pouco potencial para diferenciar as estruturas que tem pouco contraste entre si.

A mamografia digital é uma versão mais moderna e mais eficiente em comparação ao método convencional, sendo dividida em dois subtipos: direta e indireta. Na mamografia digital direta um detector captura o sinal oriundo dos raios X e os converte em um sinal elétrico que é transmitido diretamente para a tela do computador. Já na mamografia digital indireta, o detector captura o sinal gerado pelo raio X, armazena-os, para depois então convertê-los e serem exibidos na tela do computador em forma de imagem.

Uma das principais vantagens do exame digital em comparação ao exame convencional é que o médico pode, na hora da interpretação das imagens, explorar de forma mais eficiente a característica de contraste entre as estruturas de forma dinâmica no monitor, permitindo que realize um diagnóstico muito mais preciso.

A mamografia digital também permite que a imagem seja armazenada ou processada em softwares, o que por sua vez pode ajudar a detectar as alterações nos exames. Desse modo, há menos riscos de precisar repetir o exame, poupando o paciente de refazer todo o processo, incluindo uma nova exposição à radiação.

 

Dicas para amenizar a dor e o incômodo do exame

O exame de mamografia é desconfortável para muitos pacientes. Isso porque, os seios são áreas muito sensíveis e para realizar o exame é preciso fazer a compressão das mamas que, consequentemente, acabam ficando muito doloridas durante o procedimento. No entanto, seguindo as dicas abaixo, é possível amenizar um pouco mais o desconforto e a dor durante o exame.

  • Escolha o melhor período: o período pré-menstrual tende a ser um dos mais “sensíveis” no que diz respeito ao desconforto para se fazer o exame de mamografia, visto que os seios, devido a uma maior carga hormonal, tendem a estar mais “inchados” por acumularem líquido, aumentando a dor e desconforto durante o exame.
  • Mantenha-se relaxada: embora o exame possa ser desconfortável, quando se está tensa e com o corpo mais “contraído” (tônus muscular aumentado), as chances de sentir mais dor são maiores. Sendo assim, é importante que a paciente mantenha seu corpo, principalmente o tórax e braços, o mais relaxado possível, para reduzir a sensação de desconforto.
  • Avise se possue silicone: pacientes que possuem implante de silicone devem informar o centro de imagem e o médico radiologista antes de realizar o exame, pois o implante pode atrapalhar na interpretação das imagens e até mesmo causar mais dor durante o exame.
  • Atenção à alimentação: o consumo de determinados alimentos algumas semanas antes do exame de mamografia também pode  ajudar a aliviar a dor. Alimentos ricos em ácido linoleico e gama-linolênico reduzem o efeito dos hormônios nas mamas, sendo eles: salmão, sardinha, castanha do Pará e azeite extra virgem.
  • Evite cafeína:  a cafeína tende a aumentar a sensibilidade nos seios. Então, evitar o consumo de bebidas e alimentos que contenham cafeína alguns dias antes do exame é também uma boa dica.

 

Pós-mamografia

Após o exame de mamografia, a paciente poderá realizar as suas atividades normalmente sem quaisquer preocupações.

Naturalmente, pouco tempo depois do exame pode ser que os seios fiquem mais doloridos e sensíveis, devido a pressão que foi exercida. Se isso ocorrer, colocar uma bolsa térmica de gelo sobre os seios pode ajudar a aliviar um pouco a dor.

Em alguns casos, o médico poderá solicitar uma complementação do exame de mamografia para melhor avaliação de determinada estrutura, seja através de um ultrassom ou mesmo através da própria mamografia direcionada com ampliação ou magnificação.